Cem mil professores cruzam os braços por reajuste no Líbano
Greve de 24 horas tem o apoio de estudantes e da população
(Sadek Amin, da redação do jornal Al Baian)
Cerca de cem mil professores das escolas públicas, privadas e da Universidade Libanesa fizeram uma greve de 24 horas, no dia 18 de novembro, no Líbano. A greve foi convocada pela coordenação sindical dos professores, após uma negativa de diálogo do governo. Explicando os motivos da greve, um dirigente dos professores declarou: “Já que mantivemos a porta aberta para o diálogo até este exato momento, mas, pelo fracasso político deste governo, ele não teve a capacidade para dialogar, então vamos protestar nas portas do parlamento e, vamos lutar pelas três reivindicações: aumento salarial de 5%, reajuste para o transporte de 2% e melhoria a qualidade dos planos de saúde para os professores.”
Durante a greve, houve um ato de protesto em frente à Câmara, para impedir que fosse votado um aumento de apenas 2% aos professores. Eles exigem 5%.
A greve contou com o apoio de milhares de estudantes e parou faculdades e institutos de todos os setores da Universidade libanesa, escolas públicas, secundárias, profissionais e técnicas oficiais, além do setor privado, da Associação de Antigos Alunos e Professores, de professores aposentados e do Instituto de Gestão e Estagiários e formação.
As autoridades não aceitaram a proposta dos professores, o que levou a coordenação sindical a marcar reunião para analisar outro dia de greve. A imprensa comenta que o momento no Líbano é propício a um novo tipo de lutas, pelo tamanho da greve e seu sucesso.
O movimento despertou apoio em parcela considerável da população. O seguinte diálogo, travado entre uma professora e um militar do exército, durante o protesto, demonstra isso.
A professora perguntou ao militar:
- “Te mandaram aqui para nos bater?”
O militar diz que não, e completa:
“E, se tivesse esta ordem, estaríamos aqui para protegê-los”.
Esta greve colocou em xeque o governo de Unidade Nacional, formado por um acordo entre os partidos tradicionais da direita libanesa pró-imperialista cristã e sunita com o Hezbollah e seus aliados, após uma intermediação de Síria e de outros países árabes. Esse acordo foi feito à custa das reivindicações populares, pois os mesmos que levaram a atual situação econômica e fazem de tudo para entregar o país ao controle do imperialismo, como Siniora e Saad Hariri, continuaram à frente dos principais postos com a mesma política econômica e externa.
A adesão de Hezbollah a esse governo, apresentada como vitória, significou aceitar que os responsáveis pelos massacres, que trataram de desarmar a resistência contra o sionismo, continuassem impunemente governando o país. O povo libanês apoiou estes partidos para a formação do Governo de Unidade Nacional, pensando que assim se garantiria a paz interna após anos de guerra civil e ataques de Israel. A ministra da Educação é Bahaa Hariri, tia de Saad Hariri.
Mas este governo que hoje demonstra sua verdadeira cara, não tem o que oferecer para este povo sofrido e lutador. Não fez nada para reverter a deterioração da situação econômica. No Líbano ainda faltam água potável e energia, apesar das doações dos países do golfo árabe, como recompensa por calar a boca depois da guerra de 2006. O governo Siniora fez desaparecer este dinheiro.
O Hezbollah, que tinha o respaldo de grande parte da população por encabeçar a luta contra Israel e derrotá-lo em 2006, entrou no governo, sacrificando os interesses da população. Agora, na greve, revelou a que leva esse tipo de capitulação. Os professores tinham pedido a intervenção do Hezbollah a seu favor no parlamento, mas a resposta de seus dirigentes foi de que o partido não poderia fazer nada. Ou seja, foi a mesma resposta dada pela ministra Hariri.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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