sexta-feira, 28 de novembro de 2008

VAMOS OUVIR UM POUCO DE SARAMAGO...

"Quem espera por uma história sombria vai ficar bem surpreso"

Ubiratan Brasil (O Estado de São Paulo)

Uma certa fragilidade ainda é aparente, resquício de uma grave enfermidade respiratória que quase o matou. Mas, aos 86 anos, o escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, enfrenta com rara lucidez e energia renovada seu novo tour pelo Brasil, promovendo agora o lançamento mundial de A Viagem do Elefante (Companhia das Letras, 264 páginas, R$ 42), livro em que narra a aventura verídica de um elefante que rumou, em 1531, de Lisboa a Viena, presente de um rei português. "Tive algo semelhante a três pneumonias, perdendo 20 quilos em pouco tempo", disse o autor de sucessos como Ensaio sobre a Cegueira, A Caverna e O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em entrevista ao Estado, na segunda-feira (24/11), depois de homenageado por funcionários da editora.

O senhor gosta de dizer que A Viagem do Elefante é mais uma história que um romance. Por quê?

José Saramago – Na verdade, eu prefiro chamá-lo de conto. Não me preocupei com o número de páginas para defini-lo devidamente, mas, nesse livro, não há nenhum ingrediente que se costuma encontrar em um romance, como um conflito complicado ou um problema de família. A própria forma de narrar é a de contar algo, daí eu tê-lo chamado de conto, como apropriadamente consta na edição brasileira. Em Portugal, porém, isso não foi aceito e lá chamam de romance. Como não quis entrar em uma discussão sem sentido, não argumentei, mas preferia que o tratassem então de "livro" e não romance.

O enredo é inspirado em fatos históricos, mas a possibilidade de poder criar personagens fictícios foi o que mais o atraiu?

J.S. – Sim, pois os fatos históricos preencheriam apenas duas ou três páginas, com todos os pormenores. Não mais que isso. Confesso que não esperava escrever um livro com mais de 250 páginas – acreditava chegar a, no máximo, 120. Mas, como tive de inventar situações, seu tamanho ficou maior. O que me agrada no trabalho final é o fato de o leitor ser conduzido pela linguagem e não apenas pelo enredo. Como autor, acredito que a escrita é ao mesmo tempo atual e referente ao momento em que se passa a história, século 16. Fiz, então, uma simbiose entre o português que falamos hoje e o que se escrevia naquela época. Acho que ficou bem resolvido, pois introduz uma dinâmica diferente: o leitor é constantemente surpreendido (como eu mesmo fiquei) com certas palavras e construções frásicas.

Como foi essa surpresa?

J.S. – Foi algo que não posso dizer que tenho explicação. Mas vou tentar explicar. À medida que envelhecemos, vamos acumulando aquilo que chamo de segmentos lingüísticos. Hoje, não falo como quando tinha 8 anos nem sequer quando estava com 30. Há uma espécie de camadas que vão se acumulando, do mais antigo ao mais recente. Tenho a impressão de que, durante a doença que me atacou e da qual tive a rara sorte de escapar com vida (ao menos um médico que me atendeu disse isso), camadas antigas voltaram à superfície. Ou seja, palavras que eu não mais usava ali estavam e figuram na história. Não apenas escrevi o livro, mas o livro também escreveu a mim. Não posso dizer que se trata de uma verdade científica, mas algo realmente diferente se passou pela minha cabeça.

O senhor acredita então que, se não tivesse enfrentado a enfermidade, o livro teria sido diferente?

J.S. – Possivelmente. Eu contaria a mesma história. No essencial, talvez não existiriam grandes diferenças. Mas, justamente o que não é essencial contribui (e muito) para que essa história se torne única.

Um leitor desavisado, que não soubesse o que lhe passou, não desconfiaria de sua doença, pois o livro é recheado de humor e ironia.

J.S. – De fato, o humor é o que aparece mais. E assim tinha de ser, pois não gosto de pôr a minha intimidade assim a claro. Quem espera por uma história sombria surpreende-se. Não tanto pelo humor, que está presente em minha obra, mas pela forte presença que nunca antes tinha acontecido. O livro começou a ser escrito em fevereiro de 2007 e, até maio, escrevi cerca de 40 páginas. Não avancei porque minha saúde piorou. Mas, como eu já estava determinado a um certo tipo de narrativa, não houve uma quebra no estilo. Tanto que, 24 horas depois de ter saído do hospital, corrigi aquelas 40 páginas e escrevi o que faltava. É como se houvesse outro eu a escrever por mim. Nesse período, aconteceram coisas muito estranhas. Como ter a visão de um fundo escuro com quatro pontos luminosos, que formavam um quadrilátero irregular. Para mim, aqueles quatro pontos eram eu. É um exemplo de como estava minha cabeça naquele momento e de como estava convicto em terminar o livro.

Suas opiniões sempre são muito apreciadas. Assim, o que se pode esperar do presidente americano Barack Obama.

J.S. – Em condições normais, seria apenas mais um presidente. Mas trata-se de um negro no comando. É uma revolução, porque invadiu o consciente e o inconsciente de um país que sempre enfrentou o racismo e a Ku Klux Klan.

E sobre a atual crise econômica?

J.S. – É o que me faz repetir que Marx nunca teve tanta razão como agora.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

NOSSA LUTA É INTERNACIONAL!

Cem mil professores cruzam os braços por reajuste no Líbano

Greve de 24 horas tem o apoio de estudantes e da população


(Sadek Amin, da redação do jornal Al Baian)

Cerca de cem mil professores das escolas públicas, privadas e da Universidade Libanesa fizeram uma greve de 24 horas, no dia 18 de novembro, no Líbano. A greve foi convocada pela coordenação sindical dos professores, após uma negativa de diálogo do governo. Explicando os motivos da greve, um dirigente dos professores declarou: “Já que mantivemos a porta aberta para o diálogo até este exato momento, mas, pelo fracasso político deste governo, ele não teve a capacidade para dialogar, então vamos protestar nas portas do parlamento e, vamos lutar pelas três reivindicações: aumento salarial de 5%, reajuste para o transporte de 2% e melhoria a qualidade dos planos de saúde para os professores.”

Durante a greve, houve um ato de protesto em frente à Câmara, para impedir que fosse votado um aumento de apenas 2% aos professores. Eles exigem 5%.

A greve contou com o apoio de milhares de estudantes e parou faculdades e institutos de todos os setores da Universidade libanesa, escolas públicas, secundárias, profissionais e técnicas oficiais, além do setor privado, da Associação de Antigos Alunos e Professores, de professores aposentados e do Instituto de Gestão e Estagiários e formação.

As autoridades não aceitaram a proposta dos professores, o que levou a coordenação sindical a marcar reunião para analisar outro dia de greve. A imprensa comenta que o momento no Líbano é propício a um novo tipo de lutas, pelo tamanho da greve e seu sucesso.

O movimento despertou apoio em parcela considerável da população. O seguinte diálogo, travado entre uma professora e um militar do exército, durante o protesto, demonstra isso.
A professora perguntou ao militar:
- “Te mandaram aqui para nos bater?”
O militar diz que não, e completa:
“E, se tivesse esta ordem, estaríamos aqui para protegê-los”.

Esta greve colocou em xeque o governo de Unidade Nacional, formado por um acordo entre os partidos tradicionais da direita libanesa pró-imperialista cristã e sunita com o Hezbollah e seus aliados, após uma intermediação de Síria e de outros países árabes. Esse acordo foi feito à custa das reivindicações populares, pois os mesmos que levaram a atual situação econômica e fazem de tudo para entregar o país ao controle do imperialismo, como Siniora e Saad Hariri, continuaram à frente dos principais postos com a mesma política econômica e externa.

A adesão de Hezbollah a esse governo, apresentada como vitória, significou aceitar que os responsáveis pelos massacres, que trataram de desarmar a resistência contra o sionismo, continuassem impunemente governando o país. O povo libanês apoiou estes partidos para a formação do Governo de Unidade Nacional, pensando que assim se garantiria a paz interna após anos de guerra civil e ataques de Israel. A ministra da Educação é Bahaa Hariri, tia de Saad Hariri.

Mas este governo que hoje demonstra sua verdadeira cara, não tem o que oferecer para este povo sofrido e lutador. Não fez nada para reverter a deterioração da situação econômica. No Líbano ainda faltam água potável e energia, apesar das doações dos países do golfo árabe, como recompensa por calar a boca depois da guerra de 2006. O governo Siniora fez desaparecer este dinheiro.

O Hezbollah, que tinha o respaldo de grande parte da população por encabeçar a luta contra Israel e derrotá-lo em 2006, entrou no governo, sacrificando os interesses da população. Agora, na greve, revelou a que leva esse tipo de capitulação. Os professores tinham pedido a intervenção do Hezbollah a seu favor no parlamento, mas a resposta de seus dirigentes foi de que o partido não poderia fazer nada. Ou seja, foi a mesma resposta dada pela ministra Hariri.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

ELEIÇÕES DO SINTEPE TERÃO NOVOS NÚMEROS!

As urnas de Salgueiro (2) ,impugnadas pela comissão eleitoral na data da eleição, serão contadas e incorporadas ao resultado final das eleições.

As urnas da regional de Araripina terão seus votos recontados.

Os números divulgados pelo site do SINTEPE sobre as eleições estão equivocados e vão ser revistos.

Resoluções de uma reunião entre a comissão eleitoral e representantes das chapas concorrentes que ocorreu agora à tarde.

HOJE TEM REUNIÃO DA COMISSÃO ELEITORAL!

Você achava que a eleição tinha acabado?

Não!!!!!!!!!!!!!!!!

Dirigentes de Salgueiro e Araripina querem ainda mexer com ela.

Os de salgueiro querem que se contem os votos de urnas que vieram sem ata e com mais assinaturas que votos.

Os de Araripina defendem uma recontagem de votos já que a Chapa 1 (que concorria a regional do SINTEPE) perdeu por dois votos para sua oponente.

A reunião que decide isso tem início às 16h no SINTEPE.

O grupo de oposição estará lá!!!!!!!!!!!!!!! Defendendo eleições limpas!!!!!

UM LINDO DESABAFO!

No período da eleição (18 e 19 de nov.) conhecí escolas que deixaram-me horrorizada. Uma, em Camaragibe/Vale das Pedreiras funciona numa igreja inacabada, as paredes das salas de aulas são divididas por pedaços de madeirite, sem janelas, o calor no recinto do cubículo é insuportável, o corredor de tão estreito permite a passagem de uma única pessoa, o acesso às salas do térreo é feito pelo lado de fora. A secretaria improvisada, mal cabe uma cadeira e um birô que fica logo na entrada do prédio situado em área de dificílimo acesso.
Saí dali imaginando o nível de estresse dos professores(as) e demais funcionários. Como trabalhar com qualidade num ambiente daqueles? Porém, diante desse quadro degradador, ouvi queixa apenas de uma funcionária, o restante parece concordar com os desmandos da SEE/PE.
Ora, se o Governo resolve fazer reformas atropeladas no meio do ano, o procedimento correto seria arranjar um local dígno que garantisse o bem estar de professsores, alunos e demais funcionários. Porque aceitar tal situação? Ai está a questão, caso a clientela diga não, corre-se o risco de perder o recesso e até mesmo as férias de janeiro. É aquela velha história, se correr o bicho pega se ficar...
O problema exposto não é caso isolado, eu por exemplo, trabalho em uma, que parece uma estufa ( e já passou por reformas) a outra, é um galpão de uma fábrica remodelado em escola. Fui ao GP da rua do Hospício (o periférico, o outro, da Aurora é "Centro"), um desmatelo total.
Por que o Sintepe não faz um diagnóstico da situação das escolas da rede e denuncia na mídia como fez quando alardeou o PISO ?
Lembrei agora das palavras do presidente do Sintepe: " Precisamos ter cautela, o governo é aprovado pelo povo, e somos vistos com profissionais que não gostam de trabalhar".
Ganharemos computadores, bons ganchos de propaganda para o governo e pro Sintepe, enquanto permaneceremos vigiados, cobrados, ameaçados, explorados, assediados moralmente
dentro das nossas desconfortáveis unidades de trabalho.
Nós, que fazemos parte do grupo de Oposição, continuaremos, exergando, denunciando, desmascarando e apontando alternativas para melhorias da base da categoria. Não temos medo de enfrentamento com o governo. A eleição é fato passado, mas a LUTA, esta, é permanente.
Aproveitamos para agradecer sinceramente à todos que creditaram-nos o voto, isto é prova clara que desejam e acreditam na mudança. Não importa se somos minoria, importa que, não nos acovardamos, não somos omissos, não aceitamos a mera condição de paus mandados de Eduardo Campos.
(Maria Albênia)

domingo, 23 de novembro de 2008

A VERDADE SOBRE O DÉCIMO-QUARTO SALÁRIO

Muitos trabalhadores em educação estão com esperança de mais um salário nos seus falidos bolsos.
A imprensa e o governo não esclarecem a verdade dos fatos.A direção do SINTEPE...ah , a direção do SINTEPE...
A verdade é que não existe um décimo-quarto salário e sim um bônus que pode chegar até a um salário mínimo,independente de quanto o servidor receba.
Será que a imprensa não sabe disso?
E o governo esqueceu a verdade?
A direção do SINTEPE se finge de morta?
Mas nós esclarecemos!

UMA IMPRENSA COMPRADA PELO GOVERNO!

Neste último sábado, algum servidor público desavisado poderia dar pulos de alegria com as manchetes dos principais jornais do Recife.
Em todos eles se elogiava o pacote do governo no que diz respeito aos servidores públicos: os lap-tops, a reestruturação do plano de cargos e carreira e o famoso bônus para os professores eram tratados com uma euforia que contagiava!
Os jornais de Pernambuco recebem grandes somas de dinheiro através das propagandas publicadas pelo governo do estado em suas páginas. Esse "dinheiro oficial" é tão importante que a Folha de Pernambuco no início de 2007 aguardava ansiosamente que o governo do PSB concluísse a licitação da empresa de publicidade responsável pela propaganda institucional.A direção do desprezível periódico chegou a culpar a falta deste dinheiro para justificar o atraso de salários imposto aos seus funcionários.
Dependência financeira gera conivência política. Por isso é que todos os meses os jornais de PE anunciam a tabela de pagamento (já divulgada desde julho) como se fosse novidade... como se fosse um presente do governo o pagamento de salários!