quarta-feira, 22 de outubro de 2008

GOVERNO E DIREÇÃO DO SINTEPE:TUDO A VER!

Por Amanda Tavares
Publicado originalmente no Blog de Jamildo
http://jc.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2008/10/14/por_falar_em_eduardo_campos_e_educacao_33599.php
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No último sábado, na aula inaugural dos cursos de especialização e atualização para professores da Rede Estadual de Pernambuco, cerca de 3 mil professores aplaudiram, de pé, o governador Eduardo Campos. A saudação positiva veio logo após o governador recordar a tal “herança maldita” deixada, segundo ele, pelo governo Jarbas/Mendonça.
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A reação dos docentes perante a atitude do governador causou estranheza em quem não estava presente no local, mas soube da notícia. E não era para menos. Há pouco mais de um ano, os docentes encerravam uma greve de quase dois meses insatisfeitos, reclamando, entre outras coisas, das condições precárias de trabalho, por receberem o pior salário do Brasil e por sentirem falta de capacitações. Estariam, agora, em paz com o governo?
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O fato é que a categoria está acostumada, há anos, a ouvir promessas em época de campanha eleitoral e, entra governo, sai governo, a história se repete: verbas da educação desviadas, escolas em situações cada vez mais precárias, professores mal remunerados e todo o blá blá blá que a população já conhece.
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Antes da fala de Eduardo, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe), Heleno Araújo, rendeu elogios ao governo. “Na gestão anterior, nunca conseguimos dialogar. Do ano passado até agora, Eduardo Campos já nos recebeu por duas vezes”, salientou, tocando, em seguida, no assunto dos salários. “A antecipação do Piso Salarial foi um avanço. Os professores de nível médio lucraram muito, pois seus salários estavam bem defasados. Falta, agora, negociar algo melhor para os docentes que têm licenciatura plena”, cobrou.
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Em resposta ao sindicalista, o secretário de Educação, Danilo Cabral, citou ações como as reformas das unidades de ensino, a distribuição de fardamento e material didático para os alunos, os programas de capacitação de professores e a antecipação do piso. “Reconhecemos que não resolvemos o problema. Mas 1 ano e 8 meses é muito pouco. Aliás, os quatro anos da gestão podem não ser suficientes”, declarou, politicamente.
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Ciente de que a recepção dos professores poderia não ser das melhores, o governador preparou-se bem. Seu discurso, realmente, foi considerado apropriado para o momento. Tocou no ego do professorado quando disse que “a primeira coisa que destruíram não foi a estrutura das escolas e sim a autoestima dos educadores”. Também destacou que “nem um engenheiro, nem um advogado, nem qualquer profissional tem a habilidade de formar um cidadão como um professor.”
Além de render todos os elogios possíveis aos docentes, o governador prometeu cuidar ainda mais da educação. E lembrou algumas visitas feitas às escolas. “Em muitas, vi que as mães deixavam seus filhos sem a segurança de que, quando eles entrassem ali, estariam sendo preparados para o futuro”, destacou. “Mas agora já vejo alguns olhos voltarem a brilhar”, afirmou, emocionado.
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Diante do que foi ouvido, a reação dos professores era previsível. O discurso foi digno de aplausos. O que não quer dizer, porém, que a gestão também será. Até agora, as intenções parecem ser boas, mas a avaliação do governo pela categoria está em curso. Não nascemos ontem e, como já foi dito aqui, palavras bonitas, ouvimos freqüentemente. Já há bastante tempo.
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PS: Amanda tavares é jornalista e professora
(do blog alternativasintepe)

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